segunda-feira, 15 de abril de 2013

Dedo de silicone de R$ 50 engana leitor de impressões digitais

Folha de São Paulo - Pedro Ivo Tomé



Basta pôr a ponta do dedo num leitor óptico para a porta do apartamento se abrir, os arquivos do computador serem acessados e o relógio de ponto da empresa ou a catraca da faculdade dispensar outro tipo de identificação.

Desde o mês passado, no entanto, a segurança dessa tecnologia, chamada de leitura biométrica, foi posta em xeque quando a médica Thauane Nunes Ferreira, 28, foi flagrada burlando-a. Ela foi presa ao marcar o ponto para colegas usando dedos de silicone num posto médico de Ferraz de Vasconcelos, na Grande SP. Até agora, sete médicos foram afastados.

Marcelo Justo/Folhapress


Leitores ópticos que reconhecem impressões digitais custam em média R$ 200 nos modelos mais simples.

Um dedo de silicone pode custar um quarto disso. A reportagem testou uma prótese que custou cerca de R$ 50, cuja fabricação foi baseada em poucos materiais e na receita de um especialista.

O "dedo artesanal" foi testado com sucesso em uma catraca que utiliza a leitura de digitais para controlar o fluxo de funcionários. A prótese demorou pouco mais de duas horas para ficar pronta.

Procurados pela Folha, fabricantes da tecnologia reconhecem o problema. Klauber de Oliveira Santos, diretor de produtos da Dimep, diz que toda tecnologia para segurança está sujeita a fraudes.

Para ele, o custo-benefício na compra de um determinado sistema de identificação e a adequação ao local de uso são fatores determinantes para a escolha do produto. "Reconhecimento por íris é muito caro. Esse não adianta fazer um olho de vidro", diz.

O consultor em segurança empresarial Carlos Alberto Antônio Caruso também admite o problema. "É possível burlar essa tecnologia, assim como outras. Todas têm vantagens e desvantagens", diz.

Ele diz que a leitura biométrica é mais eficiente que o cartão de proximidade, normalmente usado pelas empresas.

A indústria de sistemas eletrônicos de segurança no país movimentou, em 2012, R$ 4,2 bilhões. Nos últimos dez anos, o segmento cresceu a taxas médias de 11% ao ano.

Os dados são da Abese, associação das empresas de sistemas de segurança, e inclui vários ramos do segmento, não só os dispositivos de identificação por biometria.

Para Selma Migliori, presidente da Abese, o consumidor deve estar alerta para as características do leitor. Os mais sofisticados, que fazem reconhecimento de temperatura e de variação de cor do dedo devido à pressão, podem custar até R$ 600.

Ed. de arte/Folhapress

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